No dia 9 de maio, os alunos do 8º período do curso de Biologia da FHO receberam estudantes universitárias indígenas da UFSCar/Araras, como parte integrante dos diálogos da disciplina de Antropologia, lecionada pelo Prof. Diogenes Rafael de Camargo. As convidadas, todas mulheres, são estudantes dos cursos de Biologia, Agronomia, Agroecologia e Química, e oriundas da região amazônica, dos povos Baniwa, Ticuna e Tariano.
O debate foi franco, empático e enriquecedor para os estudantes. Entre os temas abordados destacaram-se: as diferenças entre ''aldeias'' e comunidades indígenas; as políticas de permanência de estudantes indígenas (auxílios, bolsas, etc); o conflito entre o conhecimento científico e os conhecimentos étnicos no contexto acadêmico; natureza e o meio ambiente; crença e religião; musicalidade, comemorações, dialeto e arte; preconceito; se há lugar para o indígena na sociedade capitalista contemporânea; o lugar da mulher indígena na sociedade; ''fantasia'' de ''índio''; o papel das lideranças indígenas na política e na sociedade, entre muitos outros temas complexos e importantes.
De acordo com o Prof. Diógenes, na disciplina de Antropologia são abordadas e refletidas outras culturas e comportamentos, sobre perspectivas diferentes, que saiam da lógica e obviedades, além da leitura e discussão de obras acadêmicas que descrevem e analisam essas culturas e esses comportamentos. ''Mas, só isso não basta! Por isso, a ideia do encontro foi tornar palpável tudo aquilo que a disciplina se propõe a discutir. Quando se fala em cultura, fala-se de gente, e quando se fala de gente, essa gente precisa ter voz, gente quer falar, gente quer gritar! Aproveito para agradecer a FHO e a coordenação do curso por abrir esse importante espaço de reflexão, diálogo, construções e desconstruções. Às alunas e alunos da disciplina que fizeram tudo acontecer. E, sobretudo, às alunas indígenas da UFSCar que se dispuseram a vir dialogar conosco e nos ensinar tantas coisas das quais estávamos precisados de aprender'', disse ele.
Para a aluna do 7º período, Gisele Gomes da Silva, receber as alunas indígenas em sala de aula foi mais do que uma atividade pontual, foi um mergulho em outras formas de ver, viver e sentir o mundo. ''Em suas falas, ecoavam saberes ancestrais, práticas de vida sustentáveis, espiritualidades enraizadas na terra e na coletividade - vozes que nos lembram que o Brasil não é um só, mas muitos. Durante o encontro, ecoou em minha memória uma citação de Darcy Ribeiro apresentada pelo Prof. Diógenes Rafael em sala: ''existem muitos Brasis dentro do Brasil [...]''. E ali, diante de nós, esses outros Brasis se apresentaram - com suas línguas, cosmologias, histórias de luta e resistência. Lembrei-me também de Manoel de Barros e sua celebração da ''muiteza'', esse excesso bonito de vida, de diferença, de ser. A presença da diversidade, longe de nos dividir, amplia. Foi um momento de escuta e troca verdadeira, que nos convoca a repensar o lugar do saber, da cultura e da educação. Que esse encontro não seja exceção, mas semente'', comentou.
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