Ao longo de 2023, os alunos do curso de Ciências Biológicas da FHO foram à campo e experimentaram a profissão na prática em visitas técnicas, viagens curtas e viagens longas, de imersão, nos ambientes naturais de diferentes biomas.
A seguir, eles compartilham as vivências que tiveram em algumas dessas oportunidades e as lembranças que irão levar para sempre:
Já no primeiro ano do curso, os alunos têm o privilégio de conhecer o Parque Estadual Ilha do Cardoso, localizado em Cananéia, São Paulo. Esta é uma área de preservação ambiental com características únicas, que fazem dela um destino muito interessante para visitação, especialmente para estudantes de Biologia e entusiastas da natureza: uma rica diversidade de ecossistemas, incluindo manguezais, praias, restingas e florestas.
Essa variedade de ambientes proporciona aos estudantes a chance de estudar diferentes formas de vida, interações entre espécies e observar ecossistemas em equilíbrio, além do contato Etnoecológico com as comunidades caiçaras ali presentes.
No segundo ano os alunos visitam o Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro e um dos mais ameaçados. No local, os alunos têm a oportunidade de tecer trabalhos de campo na Serra da Canastra, além de conhecerem a Nascente histórica do Rio São Francisco e a Cachoeira Casca 'anta.
Para Samira Duarte, a viagem para a Serra da Canastra foi um momento único, que despertou os olhares para entender a grandiosidade do Cerrado brasileiro e a união entre os colegas.''Além disso, a viagem me trouxe uma paz e felicidade única por estar em um ambiente totalmente diferente da minha realidade''.
Outra viagem de campo do curso é o Parque Estadual de Intervales. É tradição que os alunos do 3° ano visitem o parque, que está localizado em Ribeirão Grande/SP, a fim de conhecer uma considerável área conservada de Mata Atlântica.
O ex-aluno Victor Regonha relatou que foi durante a viagem, da qual participou em 2022, que pode conhecer a grandiosidade da Mata Atlântica e a importância da preservação para o avanço da biodiversidade, além de se encontrar como biólogo de campo, área em que atua hoje em dia.
A viagem tem duração de quase 3 dias, com estadia no próprio parque, onde ocorrem atividades como trilhas, cavernas e o desenvolvimento de trabalhos de campo, onde os alunos podem vivenciar o dia a dia da futura profissão.
''A viagem para o Parque Estadual Intervales foi surreal. É incrível estar lá podendo vivenciar o dia a dia de um biólogo, em contato com a natureza 24 horas por dia. Não dá para explicar essa sensação em palavras'', comentou Samira Alves.
Os alunos suam a camisa na trilha de quase 20 km. ''Muito barro, chuva, parcerias, vistas encantadoras e uma certeza de que esse é o meu lugar'', comentou Maria Fernanda Baldin.
Para Victória Rafaela Lopes Barreira de Oliveira, estar no Parque Estadual de Intervales foi uma das experiências mais marcantes da vida. ''Juntamente com amigos e professores muito queridos pude vivenciar momentos incríveis. Até nas horas de cansaço é revigorante estar lá, no meio da Mata Atlântica e respirando o mais puro ar, com os sons dos pássaros. Não tem sensação melhor! Sem contar que a viagem agregou muito para a minha formação de bióloga''.
Já Lucas Ramos da Silva, destacou a oportunidade 'mágica' de conhecer o local. ''O aprendizado conquistado em campo é único e marcante ao ponto de ser levado para vida toda. Os monitores possuem um conhecimento ímpar e isso faz com que nossa sede pelo conhecimento se desperte. E a sorte de quem vai a Intervales é entender que a Natureza é muito maior do que podemos imaginar e que a biodiversidade da Mata Atlântica é inimaginável.''
Entre todas as visitas técnicas e viagens de campo proporcionadas pelo curso de Biologia da FHO, a mais aguardada, sem sombra de dúvidas, é a visita ao Quilombo Ivaporunduva, localizado na cidade de Eldorado/SP, no maravilhoso Vale do Ribeira.
No último ano do curso, os alunos têm a oportunidade de testemunhar a riqueza cultural e histórica dos povos tradicionais quilombolas, desenvolvendo um olhar mais abrangente que engloba tanto a Natureza como as populações locais.
Entre os atrativos da viagem, pode-se citar a trilha do Vale das Ostras até a Cachoeira de Meu Deus, passando por 14 outras cachoeiras e cascatas em pleno coração da Mata Atlântica.
Também vale destacar a vivência com as famílias quilombolas, com contação de histórias; agricultura orgânica; preparo de receitas típicas; agroflorestas; aula sobre cooperativismo e bioconstrução; construção de equipamentos de autodefesa; pesca noturna com facão; caminhada noturna com tochas, montadas como os antepassados escravizados faziam; só para citar algumas.
O respeito e o uso consciente dos elementos naturais é a maior lição dessas experiência. ''A ida ao Quilombo Ivaporunduva marca o visitante de uma maneira quase inexplicável. Não são apenas lembranças alegres dos momentos em meio à natureza praticante intocada, são sentimentos passados de geração em geração que veem para coroar os anos de estudos da turma de Biologia. São conhecimentos centenários, muitas vezes compartilhados apenas entre aqueles que pertencem ao povo quilombola, que foram partilhados com a gente com toda humildade e hospitalidade'', relembrou o ex-aluno Davi Perez Silva, formado em 2019.
Para Stefany Rodrigues, a experiência também foi inesquecível e proporcionou conhecer a história e cultura local, cercadas por muita luta e resistência. ''Pudemos vivenciar e conhecer o dia a dia da dona Maria das Dores, uma senhora que ainda se mantém ativa no campo; a simpática Lia, que abriu a sua casa e nos encheu de conhecimento sobre as plantas medicinais e o manejo e cultivo de hortaliças; e o marido da Lia, que nos mostrou como é cultivada a banana na região. Guardarei no coração todas as pessoas que conheci, assim como tudo que senti e presenciei nesta viagem''.
Marina Luzia Mandelli destacou que a viagem vai além das paisagens magníficas ou das experiências na mata. ''Essa viagem é ainda mais complexa do que os lugares bonitos, ela nos imerge em um dos quilombos mais antigos do Brasil e nos mostra a história do nosso país que só eles são capazes de contar. As pessoas que conheci mudaram minha perspectiva de vida e nos ensinaram o verdadeiro valor de tudo que a Natureza nos fornece e de se viver em uma verdadeira comunidade. Como disse Laurindo, um dos quilombolas especiais que nos recebeu: 'Não fui atrás de conhecimento para ficar rico, mas sim para agregar na nossa comunidade''.
Experiências como essas, proporcionadas pelo curso de Biologia, enriquecem a formação profissional dos alunos da FHO como biólogos e biólogas e têm a intenção de fomentar o ser humano e de despertar o melhor que há em cada um, explica o professor do curso e companheiro de vivências dos alunos, Diogenes Rafael de Camargo. ''Afinal, não é apenas de futuros profissionais que estamos falando. Estamos falando de gente, estamos falando de amor. Biologia é o estudo da vida em todas as suas formas e manifestações. Biologia é ciência e ciência é resistência, mas também precisa ser poesia''.
Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500
Jd. Universitário | Araras - SP
CEP: 13607-339