Sexta-Feira - 29 de abril de 2016
Ex-aluno do curso de Sistemas de Informação da FHO|Uniararas é contratado pela Apple

O ex-aluno do curso de Sistemas de Informação da FHO|Uniararas, Fábio Polezi, compartilha sua experiência profissional conosco!

Após a graduação em 2013, Fábio deixou Araras para a primeira grande aventura: trabalhar na LG Electronics, como Language Analyst. "Esta não foi a minha primeira experiência de trabalho, afinal já dava aulas de inglês e informática desde os 14 anos. Mas era a primeira vez que eu saía de casa e embarcava numa aventura, sem nada certo. Passei dois anos em São Paulo trabalhando na LG Electronics e coloquei muito do que aprendi no curso de Sistemas de Informação em prática, além da bagagem que trazia da minha experiência com idiomas", contou.

Mas nem a capital deu conta de suprir os sonhos de Fábio. Em janeiro deste ano, o profissional embarcou para fora do país, para trabalhar como Localization QA Engineer no quartel general da Apple na Europa. "Meu trabalho exige muita atenção, cuidado e carinho, afinal estou na última etapa do processo antes que o software chegue até o consumidor final. Cuido da qualidade das traduções, do layout e UI (User Interface), da usabilidade e navegabilidade dos softwares desenvolvidos para iOS e OS e toda a documentação escrita nas 25 línguas que os produtos Apple são exportados. Coloco em prática muito do que vi no curso de Sistemas de Informação e dos meus estudos paralelos, diariamente. Acredito que a FHO|Uniararas possui uma boa estratégia na formação dos alunos do curso de SI já que fornece sólida base teórica e prática nas diferentes e diversas áreas de atuação que SI está presente", disse ele.

Morar fora do país e trabalhar em uma empresa reconhecida mundialmente era parte dos seus planos?

Sempre soube que morar fora do país seria uma realidade mais cedo ou mais tarde na minha vida. A cada nova língua aprendida, nosso modo de pensar e ver as coisas se expande, nossos pensamentos ganham novos sentidos e nossos sonhos tomam outros formatos. Foi assim comigo e estou certo que é com qualquer pessoa que passa por esse processo. Estou a caminho da 6ª língua agora, e a cada nova frase aprendida é uma vitória. De certa forma estive me preparando desde sempre para algo grande, morar fora era só uma questão de tempo e da oportunidade certa. Consequentemente trabalhar em grandes empresas também. Comecei na LG Electronics, em São Paulo. Depois dos primeiros seis meses de casa já tive a oportunidade de ficar um mês na matriz em Seul, na Coréia do Sul, e com isso soube que uma carreira internacional era o que queria. Infelizmente o modelo de negócio da empresa não incluía intercâmbio entre funcionários nos escritórios de outros países e isso acabou por me desmotivar um pouco. Logo, comecei a ampliar o raio das buscas ao nível internacional e eis que me encontraram.

Como foi o processo seletivo para a vaga na Apple? Que tipos de habilidades foram necessárias?

O processo começou em setembro de 2015. Me inscrevi para a vaga que estava sendo anunciada, sem grandes expectativas. Para minha surpresa, recebi um e-mail 30 minutos mais tarde com um convite para uma conversa por Skype para a sexta-feira seguinte. Às 5h30 da manhã da sexta-feira em questão eu estava em frente ao iPad aguardando meu entrevistador. Até esse momento eu não sabia que a vaga era para o quartel general da Apple na Europa (!). Conversamos por quase uma hora naquela manhã e ele me prometeu retorno. Fiquei completamente tomado por essa história durante quase quatro meses, tempo que durou todo o processo. Foram três ligações por Skype e cinco ligações por telefone. Cada uma das ligações foi conduzida por um grupo diferente, de uma localidade diferente, mas sempre revezando entre Irlanda e Cupertino (EUA).

A vaga se encaixava demais no que eu fiz durante dois anos em São Paulo. Trabalhar com qualidade de linguagem exige um olho atento a detalhes e um bom conhecimento do idioma (ou idiomas) a serem analisados e testados. Acho que aqui os idiomas foram fundamentais, dado que o trabalho em si envolve contato direto com 25 línguas no total. Faço parte de um grande time de quase 150 pessoas de 25 nacionalidades diferentes que são responsáveis por tudo relacionado à língua, desde o software até os documentos impressos. Recebi o contrato por e-mail no começo de Dezembro e o visto de trabalho dali duas semanas. Fiz as malas e em Janeiro estava desembarcando aqui na Irlanda.

Quais as diferenças de trabalhar no Brasil e no exterior?

As diferenças são diversas, mas varia demais de país para país. Até o momento posso fazer uma comparação entre parte da Ásia, Europa e Brasil. Cada um dos três lugares tem suas especificidades com relação ao modo de se ver o trabalho. Claro que essas são as minhas impressões até o momento.

Na Europa, de uma forma ampla e geral, o trabalho faz parte da sua vida, mas não é sua vida. Do meu ponto de vista, a vida aqui é realmente levada em conta. As pessoas são tratadas como seres humanos, ou seja, suas vontades e necessidades são colocadas em primeiro plano. Raros são os lugares em que as pessoas trabalham 24 horas ou atravessam a noite trabalhando. As empresas levam em conta o bem estar do funcionário e seus objetivos de carreira a médio e longo prazo. As pessoas costumam ser mais reservadas, há muita privacidade com relação às suas vidas pessoais e muito cuidado com a forma pela qual são tratadas. Por conseguinte, são mais abertos ao diferente e sabem respeitar opiniões diversas.

Na Ásia, pelo pouco tempo que estive por lá, pude perceber que o trabalho é de fato a vida das pessoas. Ele é colocado em primeiro lugar e seu sucesso pessoal depende do seu sucesso profissional. A hierarquia nas empresas segue uma linha quase militar e seus superiores são chefes supremos e o fato de estarem acima de você lhes confere "super poderes" que podem se estender até além da empresa. No escritório da Coreia que visitei, por exemplo, existem salas com camas-beliche, já que muitas vezes o funcionário não retorna para casa passando a noite toda trabalhando e tirando pequenos cochilos de tempos em tempos. Em geral essa forma de trabalho termina por render muito menos do que as outras. O fato de se trabalhar 14 horas por dia não quer dizer necessariamente maior produtividade, pelo contrário.

No Brasil a forma de trabalhar depende bastante da origem da empresa e de quem está à frente dela. Os valores e a política da empresa contam bastante na forma como serão conduzidos os negócios. O que mais me salta aos olhos quando reparo nas diferenças com relação a cada região é a camaradagem, facilidade e criatividade que temos na resolução de problemas e das dificuldades que aparecem no caminho. Acho realmente que o brasileiro de forma geral tem muita capacidade intelectual, desde e sempre que ela seja colocada em uso. O 'coitadismo' pesa muito nessa hora quando nos comparamos a outras culturas. Temos tanto potencial quanto qualquer outro povo. Pode bem ser verdade que talvez não sejamos brindados com algumas facilidades que um suíço tem em seu país, por exemplo, mas esse desfavorecimento deve ser usado como motivação para crescer e buscar formas de se aperfeiçoar em qualquer que seja a área de atuação, por mais difícil que possa parecer.

Considerando este panorama, como é trabalhar na Apple?

Tem-se a mistura de uma empresa americana em solo europeu. Isso quer dizer que existe sim certa agressividade na hora de conduzir os negócios, já que números são importantes, porém somos muito bem tratados: nosso bem-estar vem em primeiro lugar, os horários de trabalho são flexíveis e não são militarmente monitorados e somos livres para pensar e darmos nossas opiniões sempre que quisermos. Além disso, existem certos "mimos" que a empresa é conhecida por fornecer a seus funcionários e facilidades na hora de adquirir seus próprios produtos. Mas o que mais gosto daqui é o ambiente pluricultural. Existem em média três ou quatro pessoas de uma mesma nacionalidade responsáveis por determinada língua, pequenos times no departamento de Localização. Isso quer dizer que no total são quase 150 pessoas de diferentes partes do mundo que convivem num mesmo ambiente e trabalham juntas, mirando a qualidade da linguagem dos produtos. O mais incrível disso é que todos se entendem, a grande maioria passa ou passou pelas mesmas dificuldades que os outros e existe sempre alguém pronto para te ajudar. E esse cenário se repete por toda a empresa. Juntos somamos quatro mil funcionários.

Você se considera satisfeito com a sua carreira? Quais seus objetivos para o futuro?

Por hora, sim. Contudo sei que essa satisfação é passageira e que logo mais estarei à procura do próximo grande desafio numa próxima grande empresa ou até mesmo numa própria startup. Ter chegado até aqui quer dizer para mim, acima de qualquer coisa, que posso contar com a minha motivação e força de vontade para colocar qualquer um dos muitos sonhos que ainda me restam em prática. Desde que comecei a trabalhar sempre me questionei se estava feliz com o que fazia (e se aquilo fazia sentido para mim), se a direção que estava seguindo condizia com meus sonhos a médio e longo prazo e se estava realmente aproveitando cada um dos meus dias da melhor forma possível. Essas questões foram fundamentais na hora de dizer sim para essa oportunidade e estou certo que elas sempre farão sentido na minha vida, não só profissionalmente. Ainda estou trabalhando nos próximos passos a partir daqui. Sei que quero fazer uma pós-graduação ou MBA em alguma das universidades daqui da Europa em breve e que Cupertino (EUA) me atrai bastante por ser o topo da carreira dentro da Apple. Contudo, deixo aberto também para que as oportunidades me abordem, afinal existe um pouco de lugar certo, na hora certa para tudo.

Que conselho você daria para colegas da área que irão entrar no mercado de trabalho?

Grande parte dos conselhos que dou devo aos meus pais, que sempre me apoiaram em todas as etapa da minha vida e aos quais devo muito do que conquistei até hoje. A qualquer um que queira seguir carreira em uma grande empresa eu deixo diversas dicas. A primeira de todas e acho que mais importante é conseguir se comunicar em mais de um idioma. Saber inglês e espanhol hoje é absolutamente essencial e não faz sobressair como fazia antes. Esses passaram a ser requisitos básicos na hora de pleitear uma vaga, mesmo dentro do Brasil. Por isso, saber tantos idiomas quanto possível é a primeira dica. Além disso, é importante estar constantemente estudando aquilo que te dá prazer. Estudar e conhecer o assunto de trás para frente se possível. Saber de tudo que há para se saber sobre aquele assunto e se tornar referência nele aos poucos. Assim, ser referência num assunto é a segunda dica. E, por fim, ter experiência de trabalho e não só de estudo. Colocar em prática o mais rápido possível aquilo que foi estudado e ter um plano bem detalhado de onde você está hoje e para onde está indo é a minha terceira e última dica.

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